domingo, 6 de dezembro de 2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

"En esa epoca tenia yo la idea de que la vida era un deber que tenia que cumplirse - no una fiesta que habia que inventar", Los Barbaros, de Alessandro Barico.

domingo, 28 de junho de 2009

Auto-retrato

As vezes eu acho que o difícil não é chegar lá, o difícil é chegar inteiro com toda essa carga de pequenas bobagens que tantos nos atrasam.
Esses dias cheguei a fazer a lista das principais bobagens que há anos carrego e tanto me atrasam:

3 carrinhos de madeira
um time de botão completo
um Vinicius de Moraes completo
uma pipa meio rasgada
dois amigos afogados
um bilhete da Lurdinha
o cachorro amarelo que o ônibus pegou
meu primeiro boletim
pedras de um rio que nem existe mais
um catecismo, um estilingue, uma tropa de gado de osso, muito popular, aliás, entre os meninos da minha terra.

As vezes, quero sinceramente juntar tudo e andar mais depressa. Mas é uma luta. Um dia é a roda do carrinho que se vai, outro é o gado que inventa de pastar lá fora, outro não tem vento para a pipa, ou então é um dos afogados que me acena, o blihete que briga com o catecismo...Carlos Moraes em "Como ser feliz sem dar certo" (Editora Record).

domingo, 15 de março de 2009



Auggie e Paul estão sentados à mesa da cozinha, com caixas de comida chinesa agrupadas de um lado. A maioria da superfície da mesa está ocupada por grandes álbuns pretos de fotografia. São catorze ao todo - de 1977 a 1970. Um deles (1987) está sendo aberto no colo de Paul.

Close numa página do álbum. Há seis fotos preto e branco na página, todas da mesma cena: a esquina da Rua 3 com a Sétima Avenida às oito da manhã. No canto superior direito de cada foto, há uma pequena etiqueta branca com a data.

Paul: Mas são todas iguais

Auggie (Sorrindo com orgulho): Isso mesmo. Mais de quatro mil fotos do mesmo lugar. Quatro mil dias seguidos com todo o tipo de clima. É por isso que nunca posso tirar férias. Tenho de estar no meu lugar todas as manhãs. É meu projeto. O que se poderia chamar de obra da minha vida.

Paul (Deposita o album e pega outro. Folhei as páginas e vê que são todas iguais. Balança a cabeça, perplexo).

- Incrível (tentando ser educado). Mas não tenho certeza se entendi bem.

Auggie: Não sei, a idéia simplesmente surgiu. É a minha esquina, afinal. É apenas uma pequena parte do mundo, mas as coisas também acontecem ali, assim como em qualquer outro lugar. É um registro do meu cantinho.

Você não vai entender nada se não olhar mais devagar, meu amigo.

Paul: Como assim?

Auggie: Quer dizer, está virando depressa demais. Mal está olhando para as fotos.

Paul: Mas são todas iguais.

Auggie: São todas iguais, mas cada uma é diferente de todas as outras. Tem as manhãs ensolaradas e as sombrias. Tem a luz do verão e do outono. Tem os dias úteis e os fim de semana. Tem pessoas de casaco e galocha, tem pessoas de short e camiseta. Às vezes as mesmas pessoas, às vezes diferentes. Às vezes as diferentes se tornam as mesmas, e as mesmas desaparecem. A terra gira ao redor do sol e a cada diao sol atinge a terra em um ângulo diferente.

Close do album de fotos.
Uma a uma, apenas uma fotografia ocupa toda a tela.
O projeto de Auggie revela-se diante de nós. Uma foto segue-se a outra. O mesmo lugar, a mesma hora em diferentes momentos do ano. Closes dos diferentes rostros dentro dos closes. As mesmas pessoas aparecem em diversas fotos.
Finalmente, chegamos a um close de Ellen, a falecida esposa de Paul.

Close do rosto de Paul.

Paul: Meu deus, olhe! É Ellen.

(Trecho do roteiro do filme "Cortina de Fumaça", de Paul Auster)





Já tem dono



sábado, 10 de janeiro de 2009



Polonio

Cabo Polonio, no Uruguay, ganhou esse nome em homenagem ao capitão de um galeão espanhol, Polonio, que teve seu navio afundado em 1735 na região.
Hoje, os habitantes de Polonio são os pescadores e artesões hippies do mundo inteiro que encontraram no lugar aquilo que o mundo ainda oferece de graça em certas paragens - sol, mar, vento, silêncio. Encontraram também alguns clientes para suas artesanias. Estes vão ao lugar para passar o dia e ficam imaginando como seria ter a vida dos hippies artesões. Os turistas que querem domir em Polonio com os confortos de suas próprias casas (água quente) pagam US$ 100 a noite.

Capitàn Polonio